EU E A INFERTILIDADE

(Aviso: Post muito, muito grande!)

Mesmo antes de começar sequer a pensar em ter filhos, a Infertilidade foi um ‘palavrão que sempre povoou a minha mente. Lembro-me de ser ainda muito novinha e de me questionar se poderia conceber sem qualquer problema. Durante muitos anos tinha em mim uma voz que me dizia que provavelmente não iria ser fácil. Não me perguntem porquê, mas acho que estes pensamentos eram devidos à vontade extrema, quase sufocante de ser Mãe. Como nessa altura não planeava ter filhos para breve, guardei essa dúvida num cantinho escondido da minha cabeça.

Quando finalmente chegou a hora de pensar em aumentar a família, fui novamente assaltada por essa dúvida. Para evitar ansiedades desnecessárias, achei que seria melhor fazer tudo como ‘manda o figurino’, assim, antes de começar nos treinos, consultei o médico e fiz tudo o que ele me mandou.

Lembro-me que foi nessa altura que descobri o website da Pink Blue. Comecei por visitar diariamente o fórum da Gravidez. Mas um dia, apenas por curiosidade, decidi ‘espreitar’ o outro fórum que estava em baixo e que ‘sabe-se lá porquê’ tinha uma quantidade imensa de visitantes – quase tantas quanto o fórum da Gravidez. O que li nesse fórum deixou-me marcada até hoje. Lembro-me que na altura a pessoa mais activa no fórum era a Yami, que tentava o seu milagre; e como ela tantas outras... Li todas as mensagens que haviam sido escritas até aquele dia. E a partir daí, esqueci quase por completo o fórum da Gravidez, passando a dedicar a minha leitura quase exclusivamente ao fórum da Infertilidade. Todos os dias lá ía ver se havia novidades... Todas aquelas pessoas, de um momento para outro, começaram a pertencer ao meu quotidiano. Até porque tinha uma grande amiga – a G. – que estava a passar pelo mesmo problema (mas sobre ela, colocarei outro post).

Entretanto, e como o tempo passava e ainda não tinha conseguido o meu tão esperado bebé, comecei a participar activamente no Fórum – era um ‘calmante’ para a minha alma. Sabia que havia sempre uma resposta para as minhas dúvidas, uma palavra que, de tão carinhosa, operava milagres em mim... Enfim, um autêntico “Porto de Abrigo”...

Talvez devido aos conhecimentos que adquiri aquando das minhas visitas ao fórum, estabeleci uma meta – se ao fim de 6 meses não conseguisse engravidar, voltaria ao médico para ver se haveria algum problema. Nunca coloquei a hipótese de esperar o ‘tal’ ano; para mim era pura perda de um tempo que poderia ser precioso.

Quando esse tempo se esgotou, pus em prática a minha resolução e voltei ao médico. Como já o conhecia há bastante tempo (e ele a mim), expliquei-lhe que não queria esperar mais tempo e pedi-lhe que me passasse os exames necessários. Ele assim o fez. Além das comuns análises ao sangue, fiz também o exame à Prolactina. Ao meu marido, por sua vez, esperava-lhe um Espermograma. E como é que eu lhe ía dizer isso? Nesse dia fui para casa muito nervosa e a pensar qual a melhor maneira de o confrontar com o ‘veredicto’. Hoje sei que foi uma preocupação desnecessária, pois quando confrontado com as minhas palavras ele apenas respondeu: “ Se o médico diz que é necessário, então assim seja..” Nesse dia o meu amor por ele, que já era tão grande, aumentou. Admirei-o por tal...

Depois de todos os resultados terem chegado, dirigi-me novamente ao ginecologista. Comigo estava tudo bem, mas o Espermograma do meu marido mostrava uma infecção ao nível do Esperma (nada de muito grave, mas impeditivo de gravidez). Consultámos um Urologista que lhe prescreveu um tratamento. Nesse mesmo mês engravidei...

Por um longo período abstraí-me do problema da Infertilidade, até porque achava que, como tinha engravidado quase normalmente, não era infértil (ainda hoje não sei bem o que pensar) – tornei-me meramente espectadora. Não deixando no entanto de sentir uma grande empatia pelas pessoas que morosamente passavam por todo esse processo destinado a casais inférteis.

Agora, o meu mundo voltou novamente a tocar esta realidade.

Obrigada por estarem aí...

Birdie **